segunda-feira, 25 de maio de 2009

ARTIGO - Combate às drogas

O crack é problema nosso

* Carlos Gomes

Muito se tem feito nos últimos tempos para prevenir uso de drogas. Mas também muito se tem feito, legal ou ilegalmente, para que elas sejam usadas.

Há alguns anos, o crack deixou de ser uma droga das periferias, se instalando em todas as camadas da população: a destruição familiar e a violência já são comuns a qualquer saldo bancário ou nível de instrução. A droga, antes escondida nos becos, invadiu grandes empresas, corre solta em bairros nobres, consultórios médicos e escolas de elite. Estima-se que mais de 50 mil gaúchos se encontram hoje nas mãos impiedosas do crack.

Em março, o Rio Grande assistiu estarrecido ao assassinato do jovem Tobias pela própria mãe, num ato de desespero frente à soberania do crack que escravizou uma família inteira.

No mês seguinte, acompanhamos o trabalho da Polícia Civil gaúcha, que incinerou 2.700 quilos de drogas, resultado de apreensões comandadas pelo Diretor do Departamento de Narcotráfico, Delegado João Bancolini. A Polícia Civil insiste em tratar essa doença que contamina todas as classes sociais, e para a qual não encontramos vacina.

Mas sabemos onde está o vírus. Sabemos como ele se prolifera. Não é só tarefa da polícia combater as drogas. Vamos olhar para os nossos filhos.

Há pesquisas que garantem que as drogas estão associadas a 70 por cento dos homicídios. Ela é também a motivadora de roubos, agressões e de prostituição. A Fase está cheia de internos com infrações ligadas ao consumo de drogas. Meninos e meninas que cresceram sem a presença do pai e às vezes até da mãe. Eu sei porque acompanho e porque falo com eles.

Já virou fato corriqueiro mães acorrentando seus filhos, na tentativa desesperada de libertá-los do crack. É hora de todos nós refletirmos sobre como estamos cuidando de nossas crianças e adolescentes. A questão deve ser discutida não só pelo poder público, mas dentro de casa, nas entidades e nas escolas. Onde e como estão nossas crianças agora?

Resta saber se a morte desse rapaz, Tobias, é um momento de comprometimento geral pelas ações praticadas contra os vícios, ou se é só mais uma notícia a estampar as capas de jornais.


* deputado estadual

Publicado no Jornal Correio do Povo - 25/05/2009 - Editoria Opinião - Página 4

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