terça-feira, 5 de setembro de 2017

Audiência Pública

Aplicação da logística reversa ainda é tímida no Brasil

Câmara Federal debateu o tema em audiência pública proposta pelo deputado Carlos Gomes (PRB)

Dupla tributação, falta de responsabilidade estendida também aos não signatários de acordos setoriais e a concentração de materiais em poucas regiões do Brasil foram algumas das razões colocadas por representantes do Poder Público, do setor empresarial da reciclagem e de catadores para justificar os tímidos avanços da logística reversa. A prática, instituída pela Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei Federal 12.305/2010), foi tema de audiência pública, nesta terça-feira (5), na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados, em parceria com a Frente Parlamentar em Defesa da Cadeia Produtiva da Reciclagem.

Propositor do encontro, o deputado federal Carlos Gomes (PRB) diz que a efetivação do mecanismo aumentaria o volume de resíduos sólidos reciclados no país, que hoje é de apenas 3%, e geraria mais emprego e renda. “A Coca-Cola tem fábricas de reaproveitamento do Pet em todo o mundo. Mas no Brasil isso é inviável, porque aqui reutilizar o produto teria, em média, um custo 30% maior do que usar matéria virgem”, lamentou. Para o deputado é preciso fomentar o diálogo perene pela equação das demandas de cada setor da reciclagem com as exigências do Governo Federal.

Diretora do Departamento de Qualidade Ambiental e Gestão de Resíduos do Ministério do Meio Ambiente, Zilda Veloso, crê em quatro motivadores principais para a aplicação da logística reversa. A melhoria física da gestão dos resíduos, o compartilhamento financeiro entre setor público, setor privado e sociedade civil do manejo; o aumento da eficiência no emprego de recursos naturais e a ampliação da oferta de produtos ambientalmente amigáveis. Ela reconheceu a dificuldade de selar acordos setoriais em razão de exigências pela desoneração fiscal. O que, segundo Zilda, não compete somente à sua Pasta. “Atualmente, estão em vias de implantação sistemas de logística reversa nas cadeias de embalagens plásticas de óleos lubrificantes, lâmpadas fluorescentes de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista; embalagens em geral; produtos eletrônicos e seus componentes e medicamentos”, informou.

Para o diretor-presidente da Associação Brasileira de Empresas de Reciclagem e Resíduos Especiais (Abrelpe), Carlos Filho, a consciência e o engajamento ambiental de todos os atores ainda é superficial. “Acreditamos que a melhor forma de reverter isso seria a promoção de campanhas permanentes de elucidação sobre o tema e a cobrança de uma taxa para a manutenção do lixo. Não adianta jogar para a torcida, quanto mais estruturada for a gestão dos resíduos sólidos em nossos municípios, menor será a fatia do orçamento a ser gasta com problemas de saúde decorrentes da sua destinação inadequada, o que hoje atinge aproximadamente 78 milhões de brasileiros”, alertou.

Representante do Movimento Nacional dos Catadores, Ronei Silva cobrou a adequação e a ampliação da capacidade produtiva das cooperativas para realizar a triagem de resíduos especiais como eletroeletrônicos. Também participaram do encontro o diretor-presidente da Associação Brasileira para a Gestão da Logística Reversa de Produtos de Iluminação – Reciclus, Márcio Quintino; o presidente do Compromisso Empresarial para a Reciclagem (CEMPRE), Victor Bicca, e o representante da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (ABINEE), João Carlos Redondo.


Texto e foto: Jorn. Jorge Fuentes (MTE 16063)
Câmara Federal

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