quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Diário de Canoas

Trote vai pesar no bolso de 
quem faz a “brincadeira”

Lei sancionada prevê multa de 200 reais por ligação falsa


Rosângela Garcia

Canoas – Passar um trote para os serviços de emergência pode não pesar na consciência de quem faz, mas deve custar caro se a ligação for identificada. A multa, definida na nova lei 14.149/2012, sancionada este mês pelo governador Tarso Genro e já publicada no Diário Oficial do Estado, foi fixada em 15,3952 UPFs, ou seja, cerca de 200 reais. O valor pode ser considerado baixo, se comparado a vidas que se perdem por causa de uma brincadeira, que atrasa ou faz com que o serviço não chegue a quem está realmente precisando.

De acordo com o autor da lei, deputado estadual Carlos Gomes (PRB/RS), quando a proposta foi aprovada, inicialmente, não se tratava de multa. “Como o governo teve dificuldades em calcular os prejuízos causados por cada uma das demandas, a opção foi determinar um valor único”, explica.

Em Canoas, só o Corpo de Bombeiros registra que mais da metade das chamadas diárias são falsas. Segundo o major Julimar Fortes, a média é de 58 a 60% do total de ligações. Na Brigada Militar o número é um pouco menor, de 10 a 15%, mas atrapalha muito o trabalho dos policiais. A assessoria de imprensa do Samu não soube precisar quantos trotes o serviço recebe por dia.


Orelhão é o mais usado

O maior vilão dos trotes ainda é o telefone público. As chamadas são sempre identificadas, segundo o deputado Carlos Gomes, principalmente se partem de aparelhos fixos e móveis. “Mesmo assim, sabemos que os serviços de emergência já conseguem localizar o orelhão que está originando a chamada. O objetivo é fazer com que as pessoas busquem se conscientizar, embora com sanção financeira”, diz Gomes.

ESPERANDO RESULTADOS

Conforme o major Julimar Fortes, do Corpo de Bombeiros, multas das chamadas partem de telefones próximos à área escolar. “Principalmente em final de turno de aula”, diz e apela para a conscientização: “Trote não é brincadeira e pode colocar em risco a vida de muitas pessoas. Poucos segundos são determinantes para salvar ou perder uma vida”, justifica. O subcomandante do 15º BPM, major Daniel Duarte acredita que a mudança na legislação vai ajudar a coibir o crime, visto por muitos apenas como brincadeira, “mas que pode atrapalhar quem realmente precisa de ajuda”.

ELES CONCORDAM

Acho justo porque quem dá trote faz com que o serviço deixe de ser usado para quem precisa. Quando tira do bolso as pessoas começam a pensar mais antes de fazer”. Lucas Ribeiro, 22, cobrador.

Acho certo porque não se brinca com trabalho de emergência. Trote não é brincadeira. O valor poderia ser até mais alto, porque aí pensariam antes de fazer”. Loiva Ribas, 53 do lar.

Acho justo porque eles (serviços de emergência) estão disponíveis para quanto tem necessidade. Esse valor de multa vai fazer as pessoas pensarem mais”. Alisson do Nascimento, 18, estagiário.

Acho que está certo porque quando a gente precisa o telefone não pode estar ocupado com bobagens. Até deveria ser mais de 200 reais e a pessoa ficaria com medo”. Solange Teresinha da Silva, 46, doméstica.

Matéria publicada na edição de 27 de dezembro de 2012 do jornal Diário de Canoas
Editoria: Comunidade, página 8

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