Audiência pública da Comissão de Saúde apontou necessidade de ampliar informação à população masculina, melhorar o acesso ao sistema de saúde e priorizar o diagnóstico
A Comissão de Saúde e Meio Ambiente debateu, em audiencia pública nesta segunda-feira (5), o tema “Câncer de próstata – sinais, sintomas e prevenção de uma doença curável”. O debate, requerido pelo deputado Carlos Gomes (PRB) e coordenado pelo deputado Cassiá Carpes (PTB), foi realizado no Espaço de Convergência e contou com a presença de gestores públicos e especialistas no assunto. Segundo os participantes, é precisa focar na prevenção e diagnóstico precoce para o tratamento e redução dos índices atuais.
O deputado Carlos Gomes encaminhou pela necessidade de a Assembleia Legislativa apoiar programas e políticas desenvolvidas pelo Estado e Municípios e colocar no orçamento recursos para programas e melhoria do acesso à políticas de prevenção.
Dados do Ministério da Saúde relativos a 2009 apontam a detecção de 52 mil casos/ano no País. Pelas estimativas existentes, o Rio Grande do Sul é o estado com maior número de casos: 8.500. Porto Alegre possui cerca de 1.800 casos detectados, sendo a capital com maior incidência no País. “Trata-se de estimativa, não temos dados completos, mas as estatísticas apontam para este quadro. É um cenário que tem muito de cultural, os japoneses tem 22 vezes menos probabilidade de desenvolver a doença do que os africanos, por exemplo, pois possuem uma alimentação menos dependente de gordura animal e proteínas e mais rica em vegetais”, diz Mirandolino Mariano, chefe do Setor de Urologia da Santa Casa.
Mariano explicou sobre a detecção e tratamento da doença. “A partir dos 40 anos, é recomendável que todo homem faça exame de prevenção”, afirmou. Segundo ele, existem três fatores de risco para o desenvolvimento da doença: a idade, a genética o fator familiar. “Quanto mais velho, maior a probabilidade de desenvolvimento do câncer de próstata”, disse. A prevenção, apontou, deve ser orientada por cuidados na alimentação e exercícios físicos e exames de rotina que devem priorizar o ainda insubstituível toque retal. “Quando localizada a doença, em estágio ainda inicial, a chance de cura é de 90%”, adianta o especialista.
Conscientização
Coordenador do Departamento de Saúde do Homem da Secretaria Estadual da Saúde, Paulo Turki informou da existência da política do Estado, instituída em 2008 e em processo de implantação de alguns municípios. “Temos que mudar nossa conduta, homens são demasiadamente machistas e receosos de realizar certos exames preventivos”, detectou.
Marcos Ferreira, que coordena o setor de Saúde do Homem do Município de Porto Alegre, falou dos avanços no processo a partir da instituição, pela Portaria nº 1944/09, do Ministério da Saúde, da Política Nacional de Saúde do Homem. “A política em geral é bem pensada tecnicamente e há boa estrutura na rede de saúde”, destacou, “mas falta desenvolver muita coisa para facilitar o acesso ao diagnóstico e tratamento e no preparo dos profissionais”. Segundo ele, a falta de conscientização e preconceitos masculinos ainda formam uma grande barreira: “sempre tem uma mulher que leva o homem a realizar os exames necessários”.
Os elevados índices dos gaúchos estaria ligada à forte incidência de alimentação baseada em gordura e proteína animal. “A estatística é assustadora porque é baixo o índice de homens que realizam os exames necessários”, aponta Ferreira, para quem um em cada seis homens acima dos 45 anos, na capital, tem probabilidade de desenvolver a doença.
Também participaram da audiência representantes da Associação de Apoio às Pessoas com Câncer (Apecan). Natural de Antônio Prado, Antenor Flores relatou experiência pessoal no tratamento da doença.
Reportagem Gilmar Eitelwein (MTB 5109) - Foto Adriana Pereira
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