terça-feira, 6 de julho de 2010

CORREIO DO POVO

Câncer de Próstata: há preconceito

Debate foi sugerido pelo deputado Carlos Gomes. Ele ressaltou os exames preventivos

O preconceito é a principal barreira para reduzir o número de casos de câncer de próstata no Rio Grande do Sul. A avaliação foi feita ontem durante reunião da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa, por representantes da área da saúde. A estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca) é que sejam registrados 4,5 mil casos de câncer de próstata no Estado em 2010. No mesmo período, deverão ser identificados mais de 50 mil casos no país.

Conforme o deputado Carlos Gomes (PRB), que sugeriu o debate, é importante estimular a divulgação sobre a doença para vencer o preconceito. Ele lembrou que há duas décadas ocorreu uma mobilização por parte da comunidade e dos governos em relação à saúde da mulher. "Esse movimento fez com que se reduzisse o número de mortes de câncer de mama e de colo do útero, entre outras doenças", lembrou, destacando que é esse o caminho a seguir, agora, em relação aos homens, para evitar que mais vidas sejam perdidas. O deputado ressaltou ainda a importância de se valorizar os exames preventivos.

Homens com mais de 45 anos, a questão genética e o histórico familiar de câncer são os três principais fatores de risco. Segundo o chefe do serviço de urologia da Santa Casa de Porto Alegre, Mirandolino Batista Mariano, a alimentação é um dos motivos que eleva o número desse tipo de câncer no Estado. O ideal, explicou, é que a dieta fosse pobre em proteína e gordura de origem animal. É importante ainda que ela seja rica em produtos vegetais, como frutas e legumes. Manter hábitos saudáveis, como a pratica de exercícios regulares, também auxilia na prevenção da doença.

Mariano ressaltou que a realização de exames regulares é indispensável para identificar a doença nos estágios iniciais. O principal é o de toque retal. "Esse é o exame mais polêmico e o mais seguro, por ser a maneira mais eficaz de identificar o câncer de próstata. Em questão de saúde, é preciso deixar o preconceito de lado", explicou ele.

Quando identificado nos estágios iniciais, as chances de cura chegam a 90%. Porém, com o câncer já avançado as estimativas não ultrapassam 70%. De acordo com o estágio da doença, o tratamento poderá envolver cirurgia para a retirada integral da próstata ou radioterapia.

Desafio é trabalhar a prevenção na comunidade

De acordo com o coordenador do Departamento de Ações de Saúde do Homem da Secretaria da Saúde, Paulo Turki, o desafio é trabalhar a prevenção na comunidade. "Historicamente, o homem procura mais tarde o serviço de saúde, diminuindo as possibilidades de cura das doenças e tornando os tratamentos mais agressivos. Esse hábito precisa ser quebrado para permitir uma qualidade de vida melhor", afirmou. Estimular os homens a realizarem exames clínicos com frequência é uma das metas do departamento.

Publicado na edição de 06/07/2010 - Editoria Geral - Página 11
Foto: Mateus Bruxel / CP

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