Menos
de 1% do lixo orgânico é reciclado no Brasil
Audiência pública para tratar da compostagem reuniu representantes do Poder Público e de entidades do setor na Câmara dos Deputados |
O Brasil recicla menos de 1% das 774 milhões de toneladas de
resíduos sólidos orgânicos gerados por ano no país. O dado
alarmante foi levantado durante audiência pública, proposta pelo
deputado federal Carlos Gomes (PRB), para tratar da compostagem. O
encontro, nesta terça-feira (16), contou com a presença de
representantes do Poder Público e de entidades do setor para debater
políticas de incentivo à técnica de reaproveitamento do lixo
orgânico.
“O método traz muitas vantagens para o meio ambiente
e para a saúde pública, pois reduz a emissão de gases que
contribuem para o aumento do efeito estufa e diminui a quantidade de
resíduos encaminhados aos aterros sanitários e lixões”,
argumentou Carlos Gomes. Diretora do Departamento de Qualidade
Ambiental de Gestão de Resíduos do Ministério do Meio Ambiente,
Zilda Veloso defendeu a harmonização das normativas do Ministério
do Meio Ambiente com a regularização da compostagem prevista na
Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei Federal 12.305/2010).
“Acredito na atividade como vetor de redução de desperdício de
alimentos, de impactos ambientais e do estímulo ao consumo de
alimentos orgânicos, o que promoveria o fortalecimento da
agricultura familiar”, frisou.
Para o engenheiro do Departamento Municipal de Limpeza
Urbana (DMLU) de Porto Alegre, Geraldo Reichert, o avanço da
compostagem depende de vontade política e do emprego de mão de obra
especializada. “Existem apenas 26 empresas do ramo no Brasil, em
somente seis estados, sendo quatro delas sediadas no Rio Grande do
Sul. Menos de 2% dos 5.570 municípios do país têm alguma
iniciativa na área. Os recursos do Governo Federal para o tratamento
dos resíduos sólidos nas cidades médias e grandes é irrisório.
As estruturas precisam de dinheiro para a sua instalação e
custeio”, reclama.
O coordenador-geral substituto de Engenharia Sanitária
da Fundação Nacional de Saúde (FUNASA), Alberto Venturieri,
apresentou um cenário um pouco melhor. “Financiamos desde a
construção de aterros e pátios de compostagem à compra de
equipamentos de coleta e operação para mais de 400 cooperativas de
catadores no Brasil. Contudo, para 2017 temos um tímido orçamento,
de R$ 10 milhões, para atender municípios de até 50 mil
habitantes, que representam 90% do total”, reconheceu.
“Para estabelecermos a cultura da reciclagem, devemos
direcionar o discurso para os prejuízos econômicos que a gestão
inadequada do lixo causa”, sugere Washington de Souza,
diretor-presidente da empresa paulista DarVida, responsável pela
produção de equipamentos para a compostagem de resíduos orgânicos.
Souza diz ainda que a mudança de comportamento das pessoas em
relação ao reaproveitamento de resíduos é o objetivo final do seu
trabalho.
Carlos da Silva Filho, diretor-presidente da Associação
Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais
(Abrelpe), lembra que 77 milhões de pessoas no país sofrem com
doenças decorrentes do descaso público e privado com os resíduos
sólidos orgânicos. “Se não adotarmos ações efetivas para
expandir a reciclagem, o debate perde o sentido”, sentenciou.
Por: Jorn. Jorge Fuentes (MTE 16063) - Câmara Federal
Foto:
Douglas Gomes
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