Indústria
da reciclagem pede socorro
Proposto pelo deputado Carlos Gomes (PRB), encontro na Câmara debateu a situação do setor
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Jucemar Buzin, Zilda Veloso, Carlos Gomes, Edson Freitas, Elias Bueno e Carlos Silva Filho |
“Dos
100 funcionários que empregava, já tive que demitir 40 e se nada
for feito terei que fechar as portas no ano que vem.” A afirmação
de Rodrigo Maciel, proprietário da Plásticos Vima, empresa que
utiliza apenas material reciclado em sua linha de produção, foi
feita nesta quinta-feira (22) durante audiência pública na Comissão
de Desenvolvimento Econômico e Sustentável da Câmara, proposta
pelo deputado federal Carlos Gomes (PRB), para tratar da situação
da indústria da reciclagem no Brasil.
Presidente
da Frente Parlamentar em Defesa da Cadeia Produtiva da Reciclagem, o
parlamentar defendeu a desoneração tributária às empresas do
setor para salvar o mercado. “De nada adianta abordar o assunto
somente do ponto de vista social ou ambiental se não provocarmos
ações que resultem em fôlego econômico para quem tira o seu
sustento dessa atividade”, sentenciou. Carlos Gomes também é
favorável à execução de campanhas permanentes de comunicação
para a conscientização das pessoas sobre o tema.
Para o
Diretor-Presidente da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza
Pública e Resíduos Especiais, Carlos Silva Filho, a falta de uma
cultura de reciclagem, a destinação fácil e barata (lixões) e a
ausência de metas transparentes e viáveis são barreiras para o
crescimento do setor. “No Brasil, somente 4% dos resíduos sólidos
produzidos são reciclados e o descarte inadequado gera um custo de
R$ 1,5 bilhão por ano ao Poder Público para tratar os problemas de
saúde que afetam a população”, argumenta, ao sugerir punição
financeira para o cidadão que não realizar o manejo correto do lixo
produzido.
Secretário-Executivo
do Instituto Nacional das Empresas de Sucata de Ferro e Aço
(INESFA), Elias Bueno pediu estímulo ao livre comércio e às
exportações de sucatas ferrosas e a desoneração da folha de
pagamento. “Mais de 1,5 milhão de trabalhadores dependem da sucata
no país. Somente no ano passado 614 mil toneladas do material foram
comercializadas para o exterior. A criação de uma linha de crédito
junto ao BNDES alavancaria o setor, formado em sua grande maioria por
empreendimentos de médio e pequeno porte”.

Segundo
o diretor do Sindicato das Indústrias de Celulose, Papel, Papelão,
Embalagens e Artefatos de Papel, Papelão e Cortiça do Rio Grande do
Sul (Sinpasul), Jucemar Buzin, no Estado a crise fez com que seis das
oito empresas da área encerrassem as suas atividades. “Para a
indústria melhorar é preciso produzir mais, para produzir mais é
necessário que a demanda cresça e isso não acontece se o preço do
artigo reciclado for mais caro do que o feito com matéria-prima
virgem”, conclui.
Encaminhamentos
Carlos
Gomes recebeu das mãos do vice-presidente regional do Sindicato das
Indústrias de Material Plástico no Rio Grande do Sul (Sinplast),
Luiz Henrique Hartmann, documento com uma série de iniciativas que
poderiam beneficiar o setor. O deputado destaca que um relatório com
as principais demandas dos empresários da reciclagem será elaborado
para subsidiar a atuação da Frente Parlamentar em Defesa da Cadeia
Produtiva da Reciclagem. O colegiado deverá propor ao Governo
Federal a instituição de um grupo de trabalho para debater a
diminuição de impostos para o setor.
Também
participaram do encontro o presidente da Associação dos
Recicladores de Embalagens PET (ABREPET), Edson Freitas; a diretora
de Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente, Zilda Veloso; e
os vice-presidentes da Frente da Reciclagem na região Sul, deputada
Geovania de Sá (PSDB/SC), e da região Sudeste, deputado Valmir
Prascidelli (PT/SP).
Texto e fotos: Jorn. Jorge Fuentes (MTE 16063)
Câmara Federal