Logística
reversa de medicamentos ainda não saiu do papel no Brasil
No
entanto, setor apresenta iniciativas de sucesso, como o Farmácia
Solidare, desenvolvido pelo município de Farroupilha
Carlos Gomes (centro) coordenou o encontro na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara Federal |
“É
mais barato enterrar um medicamento usado do que doá-lo”, a
afirmação do presidente-executivo do Sindicato da Indústria de
Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo, Nelson Mussolini,
foi proferida, nesta terça-feira (20), durante audiência pública,
proposta pelo deputado federal Carlos Gomes (PRB), para tratar da
logística reversa do setor de medicamentos no Brasil. Segundo
Mussolini, ao entregar voluntariamente os remédios, a indústria tem
que pagar novamente os tributos referentes aos produtos.
O
encontro, em Brasília, reuniu integrantes do Poder Público, da
indústria e das redes de farmácias. “Somos o sétimo país do
mundo em vendas de medicamentos. No ano passado, esse mercado, que
conta com 70,4 mil drogarias no Brasil, movimentou aproximadamente R$
60 bilhões, mas um estudo da IMS Health, empresa especializada em
informações do setor, revela que somente entre 10% e 20% do que
comercializado é descartado adequadamente”, alerta o deputado, que
preside, em nível nacional, a Frente Parlamentar em Defesa da Cadeia
Produtiva da Reciclagem.
Representante
do Ministério do Meio Ambiente, Marília Viotti destaca que existe
um decreto editado pela Presidência da República para instituir a
logística reversa de medicamentos descartados pelo consumidor. A
medida está em fase de consulta popular e compartilha a
responsabilidade pela destinação final dos materiais entre
importadores, fabricantes, distribuidores, comerciantes e
consumidores, de acordo com o texto da Política Nacional de Resíduos
Sólidos (Lei 12.305/2010). “Infelizmente, essa foi a atitude a ser
tomada após a falta de consenso entre todos os atores da área”,
lamenta.
Para o
assessor da presidência da Associação Brasileira das Redes de
Farmácias e Drogarias (Abrafarma), os governos precisam cumprir a
sua parte e criar mais aterros sanitários para que os medicamentos
não tenham como fim os lixões. Mas nem todo remédio tem que ser
enterrado ou incinerado. É o que acredita a idealizadora do projeto
Farmácia Solidare, desenvolvido pela prefeitura de Farroupilha, a
deputada estadual eleita Fran Somensi (PRB).
O
programa recebe doações de medicamentos, faz a triagem e
redistribui gratuitamente aqueles que ainda podem ser utilizados,
além de enviar para o descarte correto os que não servem mais. Em
três anos, mais de 10 mil pessoas foram beneficiadas o que evitou um
gasto de R$ 1,4 milhão da administração local. “Por meio dessa
corrente do bem, já foi possível tocar positivamente a vida de
muita gente, ao garantir tratamento de qualidade e contribuir
ambientalmente para a evolução da nossa sociedade”, ressaltou
Fran.
Também
participaram do encontro o prefeito de Farroupilha, Claiton
Gonçalves, e o presidente da Comissão de Saúde da Câmara de
Vereadores do município, Tiago Ilha (PRB).
Por: Jorn. Jorge Fuentes (MTE 16063)
Fotos: Douglas Gomes
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