Carlos Gomes (PRB) discursa sobre o desperdício de alimentos e a segurança
alimentar no Brasil, em
sessão especial na Câmara Federal
Deputado lembrou que 8,7 milhões de toneladas de comida são perdidas no país anualmente |
“Quando
falamos em desperdício, lembramos do que nos é mais próximo, do
cotidiano comum a nós, que temos o privilégio da comida na mesa.
Cada família de três pessoas deixa de consumir, em média, 128
quilos de alimentos anualmente. As maiores perdas, contudo, estão na
produção dos alimentos, especialmente na manipulação
pós-colheita, na armazenagem e no transporte”, informou.
Para
o deputado, trata-se de uma realidade comum em países
subdesenvolvidos, que lidam com baixo aporte tecnológico no manejo
das lavouras, carência nas condições de estocagem e infraestrutura
inadequada para escoamento das safras.
“A
Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, a
FAO, nos informa que, na colheita, o desperdício é de 10%. Durante
o transporte e armazenamento, a cifra vai para 30%. Longas distâncias
e precariedade nos locais onde o alimento fica guardado são fatores
que impactam na longevidade do produto. O comércio e o varejo deixam
escapar 50% enquanto, nos domicílios, 10% dos alimentos vão parar
na lixeira”, explica.
Carlos
frisa que o total estimado pela FAO é de 8,7 milhões de toneladas
de comida perdidas no país todo o ano, o que daria para alimentar 13
milhões de brasileiros, coincidentemente o mesmo número de pessoas
passa fome em nosso país. Nesse universo, 5,2 milhões estão hoje
em situação de grave insegurança alimentar, sem acesso a pelo
menos três refeições por dia. “E o Datasus, banco de dados do
Sistema Único de Saúde, recentemente nos alertou para uma
silenciosa epidemia que mata de fome quase 5 mil idosos por ano no
Brasil. É um doloroso contrassenso para uma nação que ostenta uma
das maiores produções agrícolas do planeta”, lamentou.
O
deputado apresentou em plenário algumas iniciativas que sugerem
caminhos para reverter o quadro de insegurança alimentar no Brasil.
“A FAO aponta para a urgência em investir no uso de tecnologias e
técnicas adequadas, assim como na infraestrutura de estradas.
Compartilhamos com a posição da Embrapa, a qual defende que a
produção e o consumo sustentáveis de alimento são áreas que
exigem a aplicação do conhecimento científico. E que precisamos de
um olhar mais atento às condições das instalações das Centrais
de Abastecimento”.
Para
Gomes, diminuir os números do desperdício também implica romper
com um modelo cultural que enaltece a abundância desmedida e o
consumo irracional. “Nossas práticas ainda são regidas pela velha
máxima de que é melhor sobrar do que faltar. A preferência por
comida fresca à mesa, aliada ao baixo índice de reaproveitamento do
excedente de comida”.
Presente
no evento, a secretária de Relações Federativas e Internacionais
do Estado do Rio Grande do Sul, Ana Amélia Lemos, defendeu o
aperfeiçoamento das ações, leis e políticas de aproveitamento de
sobras e disse que não é possível tolerar que bares e restaurantes
joguem todos os dias comida fora, quando temos milhões de seres
humanos em situação de miséria. “Infelizmente, existe uma
legislação que impede as pessoas de doarem esse alimento, pois
podem ser responsabilizados, inclusive criminalmente, por qualquer
problema que haja com eles”.
Para
o parlamentar, esse cenário, mais do que nos escandalizar, deveria
nos chamar à luta e nos comprometer com a redução das perdas que,
ao lado da fome, produzem uma lógica de desigualdade perversa.
“Alcançar a segurança alimentar e a melhoria da nutrição são
condições fundamentais para a erradicação da fome. As medidas a
serem adotadas são tão urgentes quanto necessárias”,
complementou.
Por:
Jorn. Jorge Fuentes (MTE 16063) e Karine Bertani (MTE 9427) - Câmara Federal
Foto: Douglas Gomes
Nenhum comentário:
Postar um comentário