sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Jornal do Comércio

Bichos de estimação viajarão em ônibus


Os gaúchos que têm animais de estimação estão contando os dias para poderem viajar com suas mascotes dentro de ônibus intermunicipais. A partir do dia 4 de abril, começa a vigorar a lei estadual nº 12.900, que assegura o direito dos proprietários de animais de pequeno porte e de cães-guia a levá-los consigo em veículos de transporte rodoviário.

O autor da proposta, aprovada em 2007 pela Assembléia Legislativa e sancionada em janeiro pela governadora Yeda Crusius, é o deputado Carlos Gomes (PPS). Segundo ele, a legislação estadual tinha um entrave em relação à federal nesse aspecto. "Uma pessoa pode viajar pelo Brasil todo com seu animal de estimação e, quando chega a Porto Alegre e quer se deslocar para o Interior, só pode carregá-lo se possuir um meio de condução particular", explica o parlamentar. "Com essa mudança, além de minimizar esse transtorno, podemos reduzir o número de animais abandonados. Há muitas pessoas que, impossibilitadas de carregar seus bichos, acabam largando-os na rua."

Para evitar o transtorno dos demais passageiros, a lei impõe algumas condições. Por exemplo: os mascotes a serem transportados são cães e gatos domésticos de até oito quilos, que devem ser carregados em caixas especiais e estar higienizados e vacinados - o que precisa ser comprovado pela carteirinha de vacinação atualizada e por documento assinado por um veterinário.
Há um limite de dois animais por viagem, e o período de translado não pode ultrapassar 12 horas, para não causar danos à saúde dos bichos. As companhias poderão cobrar uma tarifa pelo transporte, exceto no caso de cães-guia. Estes, inclusive, podem ultrapassar o limite de peso, já que os animais utilizados para guiar portadores de deficiência visual são de grande porte.

A normatização da lei ficará a cabo do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer). O órgão público está fazendo um levantamento junto às empresas de ônibus para definir os critérios de transporte.

"Ainda precisamos acertar algumas coisas, como qual o lugar em que os animais vão viajar. Em cima, podem trazer incômodo a outros passageiros. Embaixo, porém, teria que ser criado um compartimento especial, pois os bichinhos poderiam ficar sem respirar, ou serem atingidos por alguma bagagem", afirma o diretor-geral do Daer, Gilberto Cunha.

Ele ressalta ainda que o passageiro terá de comunicar que pretende levar um animal na hora de comprar a passagem. "Se temos um limite de dois bichinhos, é preciso fazer um controle para que, na eventualidade de surgir um terceiro, este seja transportado por um outro veículo", completa.

Dona de um cão da raça Yorkshire chamado Lupi, a biomédica Mariana Milano Rodrigues comemorou a aprovação da lei. "Moro com a minha avó, que tem uma cadelinha da mesma raça. Cada vez que vamos a Rio Grande, onde mora minha família, temos que deixá-los em um hotel para cachorros. Agora iremos levá-los para lá, onde tem pátio e eles podem brincar", diz Mariana.

Mesmo quem poderia sofrer prejuízos com a nova lei não poupa elogios à iniciativa. A veterinária Karin Franzen, proprietária da clínica A Terra dos Bichos, que oferece o serviço de hotelaria para cães e gatos, acredita que o movimento não vai diminuir.

"Pelo contrário. Quem tem um cãozinho e vem de Pelotas, por exemplo, para passar uns dias em Porto Alegre, pode acabar deixando-o em um hotel. Quem quer levar seu animal, acaba fazendo isso de qualquer jeito. Com a lei, os bichinhos poderão ser transportados com segurança e os donos não precisarão se separar deles", resume.


Por: Daniel Sanes
Edição do Jornal do Comércio de 22, 23 e 24 de fevereiro, editoria: Geral, página 31

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