Aumento do número de mulheres
assassinadas mobiliza Assembleia
Comissão ouviu relatos de violência e propostas para combater o problema |
O número de
femicídios, ou seja, os assassinatos de mulheres cometidos por homens,
respaldados por uma suposta superioridade de gênero, foi a preocupação que levou
o deputado Carlos Gomes (PRB) a solicitar uma audiência pública. A atividade,
promovida pela Comissão de Participação Legislativa Popular, presidida pelo
deputado Dr. Basegio (PDT), foi realizada na manhã desta segunda-feira (10) na
Assembleia.
Se o número de
femicídios de 2011 diminuiu em relação ao de 2010 (de 84 para 48), em 2012, já
foram registrados mais de 50 assassinatos. O parlamentar citou o caso, ocorrido
esse final de semana em Porto Alegre, no qual um homem, sob o efeito do crack,
teria matado a companheira e sua amiga.
A coordenadora das
Delegacias Especiais de Atendimento à Mulher do Rio Grande do Sul, delegada
Nadine Anflor, destacou o trabalho que vem sendo realizado pela Polícia Civil.
Como há delegacias especializadas em 15 municípios e apenas 20 postos de
atendimento às mulheres, foi criada uma delegacia itinerante, que atende bairros
e cidades afastados das delegacias permanentes. “Eles matam porque dizem que, se
a mulher não for sua, não será de mais ninguém. É necessário encaminhar também
esse agressor, porque temos visto que, muitas vezes, ele se afasta da mulher que
o denunciou, mas volta a cometer o mesmo crime em sua próxima relação”, explica
Nadine. Ela revelou ainda que as drogas, inclusive o álcool, são as
“facilitadoras” de 80% dos crimes.
A corregedora-geral do
Instituto-Geral de Perícias, Andrea Machado, anunciou que, ainda este mês, será
implantada uma sala de acolhimento para mulheres vítimas de violência. O intuito
é amenizar o sofrimento da perícia física com atendimento psico-social e
encaminhamento para a rede de saúde, para orientação e tratamento. Outra
inovação será a perícia psíquica, que detecta o dano causado por trauma mesmo
quando não há prova física.
A Brigada Militar está
implantando a Patrulha Maria da Penha. Uma equipe, formada por policiais de
ambos os sexos, vai fiscalizar as medidas protetivas de urgência definidas pelo
Judiciário. A Patrulha vai iniciar o atendimento nos quatro Territórios da Paz,
em Porto Alegre. Segundo a comandante do 19º Batalhão, tenente-coronel Nádia
Gerhard, duas a cada dez mulheres que morreram nos últimos anos já haviam
conseguido na Justiça o direito de terem seus agressores afastados.
Machismo mata
“O machismo mata”,
declarou a representante da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Yara
Stockmans, em relação ao número alarmante de casos no Estado. Ela ressaltou o
fato de o machismo não ser uma prerrogativa apenas dos homens, mas algo que está
em toda a sociedade. Entre as principais realizações da nova secretaria, criada
no início do Governo Tarso para desenvolver políticas públicas voltadas às
mulheres, estão a captação de recursos, atividades de formação profissional,
capacitação para agentes públicos, professores e promotoras legais populares,
equipamentos para centros de atendimento, organização das mulheres rurais (que
estão longe das estruturas da rede de proteção contra a violência) e o
fortalecimento do Conselho Estadual dos Diretos da Mulher/RS.
A coordenadora da ONG
Coletivo feminino Plural, Telia Negrão, cobrou do poder público a falta de
campanhas preventivas permanentes contra a violência. “O tema precisa estar no
currículo escolar”, apontou. Ela criticou a falta de um representante do
judiciário na reunião. “As mulheres estão desistindo de denunciar porque não
acreditam na Justiça.” Telia analisou ainda o papel do Legislativo gaúcho, que
tem ações fragmentadas e não consegue contribuir para o aumento do orçamento
destinado às políticas públicas para as mulheres.
Também manifestaram-se
na audiência a representante do Ministério Público/RS, Waleska Cavalheiro, a
presidente da Federação das Mulheres Gaúchas, Edith de Oliveira Puhl, a
presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Porto Alegre, Renata
Jardim, e a líder popular Lúcia Castêncio.
O deputado Carlos Gomes
vai encaminhar ao governador Tarso Genro e à Famurs um documento com as
conclusões da audiência.
Principais reivindicações
apresentadas:
- Aumentar o número de Patrulhas
Maria da Penha;
- Criar Centros de Referência da Mulher 24 horas;
- Aumentar o número de varas especiais do Juizado da Violência Doméstica e Familiar (hoje só existe uma em Porto Alegre);
- Incluir a Lei Maria da Penha no currículo escolar;
- Desenvolver políticas públicas para os agressores;
- Construir, junto com o governo estadual, uma proposta de orçamento que destine mais recursos às políticas públicas para mulheres.
- Criar Centros de Referência da Mulher 24 horas;
- Aumentar o número de varas especiais do Juizado da Violência Doméstica e Familiar (hoje só existe uma em Porto Alegre);
- Incluir a Lei Maria da Penha no currículo escolar;
- Desenvolver políticas públicas para os agressores;
- Construir, junto com o governo estadual, uma proposta de orçamento que destine mais recursos às políticas públicas para mulheres.
Serviços de Atendimento por
telefone:
CENTRAL DE ATENDIMENTO À MULHER:
180
ESCUTA LILÁS 0800 541 0803 (INCLUSVE CELULAR)
ESCUTA LILÁS 0800 541 0803 (INCLUSVE CELULAR)
Matéria produzida por Cristiane Vianna Amaral - MTB 8685 | Agência de
Notícias ALRS
Edição: Marinella Peruzzo
- MTB 8764
Foto: Adriana
Pereira
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