segunda-feira, 18 de março de 2013

Correio do Povo

Caminhada contra as drogas

Milhares de jovens participam de evento da Força Jovem, no sábado, alertando para esse perigo que ameaça a sociedade


Cerca de 3,5 mil vozes uniram- se, na tarde deste sábado, para juntas dizerem “não” às drogas. Organizada pela Força Jovem da Iurd do Rio Grande do Sul, uma caminhada partiu da rua Comendador Manoel Pereira, no centro de Porto Alegre, até a Rótula das Cuias, onde se apresentaram várias atrações musicais. O evento teve como objetivo chamar a atenção para os riscos da dependência, tanto das drogas ilícitas quanto das que são legalizadas.

A caminhada foi dividida em alas, que demonstravam as diversas consequências da proliferação das drogas na sociedade atual. O primeiro grupo era o das mães que perderam os filhos para as drogas — incluindo aqueles que foram mortos pelo tráfico. Em seguida, vinham jovens vestidos de zumbis, representando a degradação física e psicológica dos dependentes químicos. A terceira ala era a dos ex-viciados, que com força de vontade conseguiram deixá-las. Por último, vinha a ala da Força Jovem.

O evento ocorreu simultaneamente em várias capitais do Brasil. “No dia a dia, além do trabalho espiritual, fazemos a inclusão social, oferecendo vários cursos gratuitos de inglês, marketing, fotografia, etc. Também proporcionamos atividades de esporte, teatro e danças para ocupar a cabeça destes jovens, para que eles não usem drogas”, explica o pastor Augusto Albuquerque, coordenador da Força Jovem no Rio Grande do Sul.

De acordo com Albuquerque, muitos dos ex-usuários — e que foram atendidos pelo projeto — participam hoje do projeto, servindo de exemplo para aqueles que querem superar o vício. “Os jovens chegam aqui quando já bateram em várias portas. Alguns deles já foram internados várias vezes e isso não resolveu. Aí eles procuram a gente”, acrescenta o pastor. Albuquerque explica que o vício geralmente começa com o consumo de álcool e maconha e, em seguida, avança para drogas mais pesadas. “O crack é o fundo do poço do viciado”, observa.

Apesar da chuva fina que caiu sobre a Capital, o público permaneceu no destino final, próximo à Rótula das Cuias, até o fim da tarde. Vários ex-dependentes deram o seu testemunho de como deixaram as drogas. Quem estava no evento cantou as músicas da cantora Isis Regina e das bandas Trindade, Hesed, Exalta Cristo, Nação do Samba e Liga dos MCs, que subiram ao palco.

Vício transforma pessoa em zumbi”

“A droga traz o terror e o sofrimento para a vida de quem usa. A pessoa que fica viciada rasteja, vira um zumbi”, explica Michele da Silva, 17 anos, que participou da caminhada fantasiada de morto-vivo. “Pretendemos mostrar como a droga deixa as pessoas”, justificou a jovem. Ao mesmo tempo, segundo ela, a mobilização alerta que livrar-se das drogas é possível. “Temos jovens no nosso meio que já foram viciados e hoje não são mais.”

Giovani Ferreira, 18 anos, disse ter amigos que já se envolveram com os drogas — principalmente crack. “Pretendemos passar uma mensagem a todos esses jovens para que vejam que nós nos importamos com eles e convidá-los a irem na Igreja para poder conversar com eles”, afirmou o jovem. “O caminho é se apegar a Deus. Ele é o único que pode ajudar.”

Há quatro anos, Jonatan, 21 anos, nem imaginava que hoje estaria com um diploma na mão e trabalhando como técnico de informática. Antes de conseguir um emprego, ele teve de deixar para trás o vício da bebida. “Eu bebia a semana toda. Meu café da manhã era bebida. Minha mãe pensou em me internar”, relata o jovem. “Eu cheguei na Força Jovem e lá me mostraram o caminho.” De acordo com ele, a sociedade costuma ver o viciado como uma pessoa “que não tem mais jeito”. O jovem, que conta ter familiares envolvidos com drogas, diz que pretende passar uma mensagem aos viciados. “Queremos alertar aqueles que estão perdidos para que se conscientizem e saiam fora, porque isso só os levará à destruição”, afirmou Jonatan.

Para o vereador Waldir Canal (PRB), que participou do evento, a caminhada é uma demonstração do trabalho da Força Jovem na recuperação de pessoas em situação de drogadição, mostrando a eles que existem caminhos para sair do vício. “É preciso despertar os jovens e adultos que estão nesta situação”, observou.

O deputado estadual Carlos Gomes (PRB) ressaltou a importância de se combater tanto o consumo de drogas quanto o aliciamento feito por traficantes. “Sabemos os problemas que as drogas causam na sociedade. Esta caminhada, que não começou agora, tem de ser contínua.”

Matéria publicada na edição de 18 de março de 2013 do Correio do Povo
Editoria: Geral, Página 14

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