Caminhada
contra as drogas
Milhares
de jovens participam de evento da Força Jovem, no sábado, alertando
para esse perigo que ameaça a sociedade
Cerca de 3,5 mil vozes uniram- se, na tarde deste sábado, para
juntas dizerem “não” às drogas. Organizada pela Força Jovem da
Iurd do Rio Grande do Sul, uma caminhada partiu da rua Comendador
Manoel Pereira, no centro de Porto Alegre, até a Rótula das Cuias,
onde se apresentaram várias atrações musicais. O evento teve como
objetivo chamar a atenção para os riscos da dependência, tanto das
drogas ilícitas quanto das que são legalizadas.
A caminhada foi dividida em alas, que demonstravam as diversas
consequências da proliferação das drogas na sociedade atual. O
primeiro grupo era o das mães que perderam os filhos para as drogas
— incluindo aqueles que foram mortos pelo tráfico. Em seguida,
vinham jovens vestidos de zumbis, representando a degradação física
e psicológica dos dependentes químicos. A terceira ala era a dos
ex-viciados, que com força de vontade conseguiram deixá-las. Por
último, vinha a ala da Força Jovem.
O evento ocorreu simultaneamente em várias capitais do Brasil. “No
dia a dia, além do trabalho espiritual, fazemos a inclusão social,
oferecendo vários cursos gratuitos de inglês, marketing,
fotografia, etc. Também proporcionamos atividades de esporte, teatro
e danças para ocupar a cabeça destes jovens, para que eles não
usem drogas”, explica o pastor Augusto Albuquerque, coordenador da
Força Jovem no Rio Grande do Sul.
De acordo com Albuquerque, muitos dos ex-usuários — e que foram
atendidos pelo projeto — participam hoje do projeto, servindo de
exemplo para aqueles que querem superar o vício. “Os jovens chegam
aqui quando já bateram em várias portas. Alguns deles já foram
internados várias vezes e isso não resolveu. Aí eles procuram a
gente”, acrescenta o pastor. Albuquerque explica que o vício
geralmente começa com o consumo de álcool e maconha e, em seguida,
avança para drogas mais pesadas. “O crack é o fundo do poço do
viciado”, observa.
Apesar da chuva fina que caiu sobre a Capital, o público permaneceu
no destino final, próximo à Rótula das Cuias, até o fim da tarde.
Vários ex-dependentes deram o seu testemunho de como deixaram as
drogas. Quem estava no evento cantou as músicas da cantora Isis
Regina e das bandas Trindade, Hesed, Exalta Cristo, Nação do Samba
e Liga dos MCs, que subiram ao palco.
“Vício transforma pessoa em zumbi”
“A
droga traz o terror e o sofrimento para a vida de quem usa. A pessoa
que fica viciada rasteja, vira um zumbi”, explica Michele da Silva,
17 anos, que participou da caminhada fantasiada de morto-vivo.
“Pretendemos mostrar como a droga deixa as pessoas”, justificou a
jovem. Ao mesmo tempo, segundo ela, a mobilização alerta que
livrar-se das drogas é possível. “Temos jovens no nosso meio que
já foram viciados e hoje não são mais.”
Giovani
Ferreira, 18 anos, disse ter amigos que já se envolveram com os
drogas — principalmente crack. “Pretendemos passar uma mensagem a
todos esses jovens para que vejam que nós nos importamos com eles e
convidá-los a irem na Igreja para poder conversar com eles”,
afirmou o jovem. “O caminho é se apegar a Deus. Ele é o único
que pode ajudar.”
Há
quatro anos, Jonatan, 21 anos, nem imaginava que hoje estaria com um
diploma na mão e trabalhando como técnico de informática. Antes de
conseguir um emprego, ele teve de deixar para trás o vício da
bebida. “Eu bebia a semana toda. Meu café da manhã era bebida.
Minha mãe pensou em me internar”, relata o jovem. “Eu cheguei na
Força Jovem e lá me mostraram o caminho.” De acordo com ele, a
sociedade costuma ver o viciado como uma pessoa “que não tem mais
jeito”. O jovem, que conta ter familiares envolvidos com drogas,
diz que pretende passar uma mensagem aos viciados. “Queremos
alertar aqueles que estão perdidos para que se conscientizem e saiam
fora, porque isso só os levará à destruição”, afirmou Jonatan.
Para
o vereador Waldir Canal (PRB), que participou do evento, a caminhada
é uma demonstração do trabalho da Força Jovem na recuperação de
pessoas em situação de drogadição, mostrando a eles que existem
caminhos para sair do vício. “É preciso despertar os jovens e
adultos que estão nesta situação”, observou.
O
deputado estadual Carlos Gomes (PRB) ressaltou a importância de se
combater tanto o consumo de drogas quanto o aliciamento feito por
traficantes. “Sabemos os problemas que as drogas causam na
sociedade. Esta caminhada, que não começou agora, tem de ser
contínua.”
Matéria publicada na edição de 18 de março de 2013
do Correio do Povo
Editoria: Geral, Página 14
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