quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Audiência Pública

Indústria da reciclagem pede socorro

Proposto pelo deputado Carlos Gomes (PRB), encontro na Câmara debateu a situação do setor

Jucemar Buzin, Zilda Veloso, Carlos Gomes, Edson Freitas, Elias Bueno e Carlos Silva Filho

“Dos 100 funcionários que empregava, já tive que demitir 40 e se nada for feito terei que fechar as portas no ano que vem.” A afirmação de Rodrigo Maciel, proprietário da Plásticos Vima, empresa que utiliza apenas material reciclado em sua linha de produção, foi feita nesta quinta-feira (22) durante audiência pública na Comissão de Desenvolvimento Econômico e Sustentável da Câmara, proposta pelo deputado federal Carlos Gomes (PRB), para tratar da situação da indústria da reciclagem no Brasil.

Presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Cadeia Produtiva da Reciclagem, o parlamentar defendeu a desoneração tributária às empresas do setor para salvar o mercado. “De nada adianta abordar o assunto somente do ponto de vista social ou ambiental se não provocarmos ações que resultem em fôlego econômico para quem tira o seu sustento dessa atividade”, sentenciou. Carlos Gomes também é favorável à execução de campanhas permanentes de comunicação para a conscientização das pessoas sobre o tema.

Para o Diretor-Presidente da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais, Carlos Silva Filho, a falta de uma cultura de reciclagem, a destinação fácil e barata (lixões) e a ausência de metas transparentes e viáveis são barreiras para o crescimento do setor. “No Brasil, somente 4% dos resíduos sólidos produzidos são reciclados e o descarte inadequado gera um custo de R$ 1,5 bilhão por ano ao Poder Público para tratar os problemas de saúde que afetam a população”, argumenta, ao sugerir punição financeira para o cidadão que não realizar o manejo correto do lixo produzido.

Secretário-Executivo do Instituto Nacional das Empresas de Sucata de Ferro e Aço (INESFA), Elias Bueno pediu estímulo ao livre comércio e às exportações de sucatas ferrosas e a desoneração da folha de pagamento. “Mais de 1,5 milhão de trabalhadores dependem da sucata no país. Somente no ano passado 614 mil toneladas do material foram comercializadas para o exterior. A criação de uma linha de crédito junto ao BNDES alavancaria o setor, formado em sua grande maioria por empreendimentos de médio e pequeno porte”.

Segundo o diretor do Sindicato das Indústrias de Celulose, Papel, Papelão, Embalagens e Artefatos de Papel, Papelão e Cortiça do Rio Grande do Sul (Sinpasul), Jucemar Buzin, no Estado a crise fez com que seis das oito empresas da área encerrassem as suas atividades. “Para a indústria melhorar é preciso produzir mais, para produzir mais é necessário que a demanda cresça e isso não acontece se o preço do artigo reciclado for mais caro do que o feito com matéria-prima virgem”, conclui.

Encaminhamentos

Carlos Gomes recebeu das mãos do vice-presidente regional do Sindicato das Indústrias de Material Plástico no Rio Grande do Sul (Sinplast), Luiz Henrique Hartmann, documento com uma série de iniciativas que poderiam beneficiar o setor. O deputado destaca que um relatório com as principais demandas dos empresários da reciclagem será elaborado para subsidiar a atuação da Frente Parlamentar em Defesa da Cadeia Produtiva da Reciclagem. O colegiado deverá propor ao Governo Federal a instituição de um grupo de trabalho para debater a diminuição de impostos para o setor.

Também participaram do encontro o presidente da Associação dos Recicladores de Embalagens PET (ABREPET), Edson Freitas; a diretora de Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente, Zilda Veloso; e os vice-presidentes da Frente da Reciclagem na região Sul, deputada Geovania de Sá (PSDB/SC), e da região Sudeste, deputado Valmir Prascidelli (PT/SP).  

Texto e fotos: Jorn. Jorge Fuentes (MTE 16063)
Câmara Federal

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