Entrevista com Carlos Gomes
A causa evangélica é uma bandeira que o senhor levanta?
A gente trabalha questões seculares, como segurança, meio ambiente, proteção animal, as causas sociais. Mas, e as igrejas? Evidentemente, tem que se fazer mais. E ao seu tempo, a gente vai encaminhando. Embora eu tenha sido eleito pelo povo evangélico (quase 99%), a gente não pode chegar lá e dizer que somos só do povo evangélico. Sou um deputado do Rio Grande do Sul, então, tudo aquilo que chega até nós como demanda, vemos o que podemos encaminhar e atender.
Projetos que beneficiam a causa evangélica são mais propícios à manifestações contrárias?
Depende da maneira que o projeto é apresentado. Mas a grande maioria é sensível, principalmente, em razão do trabalho que a igreja desenvolve. Muitos deles já foram prefeitos, então eles sabem do bem social que as igrejas fazem, trabalhando na estrutura familiar, recuperando as pessoas das drogas, do crime, dos vícios, da marginalidade. Se não fosse pela igreja, o estado e os municípios gastariam muito mais com saúde, e outras políticas que a igreja faz, gratuitamente. Então, existe essa compreensão. E nada mais justo do que incentivar quem faz sem cobrar nada.
Mesmo com, aproximadamente, 2 milhões de evangélicos no RS, temos apenas dois deputados na Assembleia Legislativa. Como o senhor encara essa falta de representantes?
Nos falta envolvimento e comprometimento com a política. Até porque, o “ser evangélico” não exclui cidadão que ele é. Ele tem que exercer o direito de cidadania, que é participando das mudanças no seu estado, município, se interando de quais os projetos para a sua região, para onde vai o recurso arrecadado, etc. Por falta disso, existe uma confusão muito grande, não só dos evangélicos, mas também da população em geral, sobre as competências dos políticos, sobre quem faz o quê? Então, é muito importante essa conscientização, sobretudo do povo evangélico.
Entre os evangélicos, há uma certa dificuldade em compreender certas diferenças, os limites entre tolerância, respeito com as diversidades. O que o senhor, como pastor e deputado, acha sobre isso?
Em relação a algumas instituições e denominações que tem essa dificuldade, eu acho que elas ainda não atingiram essa maturidade. Eu acho que é uma questão de maturidade mesmo, para chegar à conclusão de que não é necessário hostilizar as pessoas que não são partes do seu grupo social. Quem não é do seu grupo, também tem direitos, também é ser humano. Bom, se tem outras preferências, como religiosa e sexual, é um direito dela. Assim como ela tem o direito de seguir o seu caminho, eu tenho o meu. Cada um respeita o seu e vamos viver em paz.
Entrevista publicada no jornal Povo Cristão – Ano II – nº 12 – abril de 2011
Editoria: Política – página 5
Foto: Marcos Eifler / Assembleia Legislativa
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