Correio do Povo

Caem os trotes no CIOSP

Redução no número de chamadas falsas se deve à lei que

prevê multas, diz major Gilberto Viegas

O Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (Ciosp) registrou redução de 6% no número de trotes por telefone. A média diária de ligações que o Ciosp recebe é de 4.100 telefonemas e, até o ano passado, 26% dos chamados indicavam ocorrências falsas. O major Gilberto Viegas, chefe do Ciosp, atribui a queda à vigência da lei 13.759, que prevê multa para quem der trotes.

A média de trotes de 1.066 caiu para 853, o que representa 20% do total. Outro alvo preferencial desse tipo de ação é o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Conforme a gerente do Serviço, Rosane Siconet, a média diária de ligações atendidas chega a 1.300. Destas, 350 são trotes. “Mas este número já foi maior”, diz Rosane. A experiência dos atendentes do Samu evita a consumação do trote, ou seja, que a ambulância saia, mas não consegue evitar o tempo perdido para verificar o pedido de socorro.

Na Polícia Civil, a situação é mais calma. Segundo o delegado Cleber Ferreira, diretor do Departamento de Polícia Metropolitana, o número é insignificante e os trotes aparecem mais em casos de grande repercussão pública, quando surgem denúncias falsas. Ele diz que a Polícia não tem como indiciar quem faz o trote, a não ser no crime de calúnia, no caso de uma acusação falsa, mas a prova é muito difícil. Ele aposta também no sucesso da legislação anti-trote. Na Guarda Municipal, os trotes ocorrem para ver os agentes correrem. Segundo o comandante da Força Municipal de Segurança, Luiz Pithan, desde que a corporação foi criada, até agora, há registro de só 41 trotes, todos denunciando a existência de pichadores.

Os táxis, durante muitos anos, foram vítimas de trotes. Hoje “praticamente não existem”, diz o operador de rádio da Cooptaxi, Rafael Trindade da Silva. Ele atribui isto à tecnologia dos identificadores de chamadas.

‘A lei já cumpriu sua função’

O autor da lei que prevê multas para quem passa trotes, deputado Carlos Gomes, ao saber da redução no número de casos em Porto Alegre, disse que a legislação, só por existir, “já cumpriu sua função social”. Ele lembra que a proposta inicial previa uma ação mais enérgica, com cobrança dos gastos decorrentes do trote. “Como o governo teve dificuldades em calcular os prejuízos causados por cada uma das demandas, a opção foi determinar um valor único”, explicou, acrescentando que a multa foi fixada em R$ 200. Em caso de reincidência, o valor dobra, “Uma punição educativa, pois ninguém gosta que mexam no seu bolso”, diz Carlos Gomes. A maioria dos trotes parte de crianças.

Segundo Gomes, “o anúncio da multa deve ter feito muitos pais alertarem os filhos para não fazerem mais brincadeiras no telefone”. O maior vilão dos trotes é o telefone público. “As chamadas são sempre identificadas. Os serviços de emergência já conseguem localizar o orelhão que está originando a chamada. “O objetivo é fazer com que as pessoas busquem se conscientizar, embora com sanção financeira”, assinala o deputado.

Matéria publicada na edição de 22 de abril de 2013 do Correio do Povo

Editoria: Geral, página 18